segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vem


Vem. Vem que te rasgo
Faço-te em mais pedaços que pode contar.
Destruo-a num abraço
Maltrato-a num beijo

Vem. Vem que já lhe esperava
Sei que sempre estás presente na ausência
Sei que és ultrajante
Sei que és deselegante, faz do sorriso dor.

Vem Saudade!
Podes doer, podes arder
Pois quando se vai, deixa o alívio
Que destrona toda dor existente. 

Marlon Maia

domingo, 4 de setembro de 2011

Alegórico


 O desejo transcorre todo corpo
A pele sente seu cheiro
Os ouvidos podem te ver
Os olhos sentem seu toque

Mas ai a distância,
Que não passa de alguns metros
Vem findar toda alegoria

E o que estava tão perto
A ponto de não se poder respirar
Sem causar arrepios
Desaparece

Equivoco...
Sobrevive
Nos mais puros devaneios
Quando os olhos se fecham



Marlon Maia

(Pintura de Agnolo BRONZINO, "Vênus, Cupido e Tempo")

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Iorubá


Em algum lugar ainda está marcado,

Todo ódio enraizado,

Toda dor calada a força,

Toda fé bulida.


A Dor só é esquecida,

Por quem comete o açoite.

A dor só pode ser sentida,

Por quem agoniza na noite.


Em algum lugar ainda existem,

Cicatrizes, olhos tristes,

Não empoçados em lágrimas,

Mas enxugados pela dor.


Dor que ensina a ser rijo;

O chorar perde o sentido

Quando não pode ser ouvido,

Nem pelo próprio coração.


Coração que palpita esperando

O findar daquele ciclo,

Que o sangue, se arrefeça,

Que a vida... o esqueça.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Acordar sozinho


Um dia ele acordou sozinho.
Desacompanhado de suas dores, mágoas e esperanças.
Sem saber nem o lado da cama onde deveria levantar. Sem vontade de levantar. Poderia levantar?
Abandonado pelo raciocínio e descrente das ilusões.
Com a sensação, de que o que antes não valia nada, agora poderia ser tudo. Se é que sentia alguma coisa.
Haveria ainda tempo?
Mas tempo para que?
Nem rumo, nem ideias, nem sua voz sobressaía.
Tentara falar, mas não tinha receptor. Nunca dera ouvidos a ninguém, nem a si mesmo. E agora não seria diferente.
Não existia mais vontade.
E ele se deita esperando que... Não, não havia esperanças, dores e nem mágoa.